Ronaldo Fraga

Cada mulher vestida por Ronaldo Fraga é o sonho de um encontro inesperado. O lugar ideal seria uma estação de trem européia, nos anos 1920 ou 30, para que elas surgissem e sumissem no meio da fumaça. Uma breve aparição bastaria para que eu inventasse uma história inteira: de onde ela vem?, como chegou aqui?, para onde ela vai?, se falasse com ela, o que aconteceria?
Não saberia dizer por qual mágica Fraga consegue isso, mas suas mulheres são eróticas, no melhor sentido. Elas não são banalmente "sexy" (aliás, mostram pouco de seu corpo). São desejáveis por serem todas verdadeiramente matrizes narrativas: cada uma delas é um convite à ficção, à imaginação amorosa. Em um de seus desfiles, Ronaldo Fraga escolheu uma passarela de tela de aço, levemente maleável, que corria no meio de um grande retângulo cheio de bolas de plástico brancas. A elasticidade do suporte fazia com que as modelos não pudessem adotar a cavalgada imperiosa que se tornou padrão nos desfiles. Avançavam com cautela, produzindo uma impressão de fragilidade que as tornava ainda mais amáveis.