Pessoas são diferentes entre si; entretanto, há uma especial tendência histórica em estereotipar mulheres — um esforço em traduzi-las em formatos específicos, rotulá-las e julgá-las de acordo com expectativas com as quais não concordaram. É como se no processo se desumanizasse a individualidade do ser para reduzir sua complexidade aos anseios de outrem.
A bem da verdade, é frustrante. É limitante. É desrespeitoso.
Tem sido também bastante natural.
De tanto escutar, absorvem-se formas como se fossem próprias. No espelho, passam-se a enxergar sombras ao invés de reflexos… A loira burra. A mulher que, no volante, é constante perigo. A ex histérica e maluca. A mulher preta de beleza exótica. A extrovertida escandalosa. A emotiva irracional etc. Os modelos são variados, mas possuem em comum o fato de jamais serem o bastante senão para se tornarem alvos de críticas e repreensões. Não há possibilidade de acerto quando a medida é, na verdade, armadilha.
Ignorar os estereótipos, os rótulos e as expectativas, não faz com que desapareçam. Sua ruína depende de confronto. E é isso que nos propomos a fazer através da nova antologia do Selo Inspirium. Textos que destruam os estereótipos com os quais mulheres têm sido obrigadas a conviver há anos e revelem que “Lugar de Mulher” é o mundo que existe dentro e fora de si.
Nossa luta é travada através das letras. Convidamos você a se aliar em nosso exército.
O que buscamos?
Lugar de mulher trará contos, crônicas, poemas etc., em suma, manifestações artísticas produzidas por mulheres. A única exigência seguida pelas autoras foi a utilização de estereótipos que subjugam mulheres de maneira a criticá-los, desconstruí-los e combatê-los.
Contos