Foi um azar termos sido colonizados pelos portugueses? Falta um espírito protestante para que o capitalismo se desenvolva no Brasil? Por que os Estados Unidos deram certo, e nós não? Perguntas desse tipo se intensificam com a comemoração dos 500 anos de descobrimento. Mas já são clássicas no pensamento social brasileiro, pelo menos a partir dos trabalhos de Sergio Buarque de Holanda ("Raízes do Brasil") e de Vianna Moog ("Bandeirantes e Pioneiros"), publicados respectivamente nos anos 30 e 40. Dois marcos na recepção brasileira da famosa "tese weberiana" a que faz referência o subtítulo da coletânea de artigos que agora resenhamos. Ou seja, a teoria do sociólogo Max Weber (1864-1920), que vincula o aparecimento do capitalismo moderno ao comportamento ascético e às concepções de salvação da alma defendidas pelo puritanismo protestante. Haveria toda uma história a ser feita não das interpretações de Weber pelos sociólogos brasileiros, mas sim da vulgarização da "tese weberiana" a partir da crise do modelo de desenvolvimento do país, nos anos 80.
Ensaios / Religião e Espiritualidade