Quando uma infância é rica em seus vários aspectos ela pode se expandir, transbordar no tempo e se expressar em cores, música e poesia, pela magia de um artista.
Para isto, é necessário que o menino antigo tenha guardado com carinho pela vida afora, com muita sensibilidade e observação, memória e sobretudo coração iluminado, e a resgate pela palavra escrita.
Aí então se configura a emoção vivida, transformada pela arte.
Este livro é testemunho disto. As palavras, aqui, se acomodam sem maiores tensões, harmoniosa arquitetura verbal e de idéias. E na simplicidade que enobrece extraordinariamente o texto, pelo que contém de conquista, vai-se desenrolando a experiência vivida.
Uma vida simples, uma cidade do interior, personagens comuns, o tempo correndo liso e manso, eis a matéria deste texto que o autor oferece a todos, sem catalogações limitadoras, como toda a sua obra, por que um trabalho de arte tem o dom de ser admirado por todas as faixas etárias.
Um mútuo amor calado, imenso, perpassa pelas páginas deste livro em que o avô reina e o neto é o seu súdito encantado.
E um registro de fatos, ora poéticos, ora curiosos, vai-se revelando ali, na conquista de um tempo que não retoma, a não ser pela magia da literatura.
Quem nos oferece esta viagem encantadora é um menino que ainda guarda, entre pequenos sinais elaborando hoje sua maturidade, a infância cheirando a alfazema com suas lembranças que não se perderam nas esquinas: Bartolomeu Campos Queirós.