jesscso 07/03/2023
Jovens e Erros: Histórias sensíveis com a realidade
Desde o começo o arco Uma Luz Que Se Apaga desenvolve os medos, as incertezas e inseguranças dos personagens. A relação com a família, amigos, e a morte. A partir de Jovens e Erros, o quarto capítulo, isso fica mais evidente e toda a construção feita até aqui prepara-se para chegar ao ápice.
?É normal errar! Ter reações impensadas! Não saber o que fazer todas as vezes, até esquecer uma lição que já aprendeu! Então relaxa, tá??
Em 2022, ano de lançamento do arco, as expectativas que alguém morresse de fato eram nulas. Relendo e sabendo do impacto desse arco, posso apreciar sem ficar fazendo teorias da possível morte. Toda a narrativa é muito sensivel e como o próprio Mauricio escreve, é uma retratação por meio da arte do que foi vivenciado na pandemia. Esse medo da morte, a incerteza do futuro; ainda mais para jovens. Esse capítulo trata muito do erro, das mancadas que damos. Mônica está em uma jornada de se resolver com Irene, e quando finalmente consegue, estava conversando com a própria Ceifeira. A incerteza de não saber em quem pode confiar, toda essa tensão no ar deixa o arco melhor. E a cena de Irene se transformando na Ceifeira foi impactante.
Cascão é o mais abalado de toda essa situação. Seu pai pode morrer e ele não sabe o que fazer. É por isso que gosto do protagonismo dele nos primeiros quatro capítulos; infelizmente ele perde esse foco mais pro final, mas o que foi trabalhado dele no arco já vale a pena. É revelado que a Ceifeira pode se multiplicar; todos podem ser falsos. Isso SÓ AUMENTA a tensão. O gancho grita nostalgia, quando a Ceifeira diz que a vítima pode ser um deles (referencia a Umbra).
Vale citar a aparição de Madame Creuzodete e Sarah, personagens sumidas que fizeram uma ponta no capítulo. Os desenhos continuam lindos e a narrativa só melhora. Quando quer escrever bem, Cassaro faz um bom trabalho.
A one-shot que se segue continua no mesmo clima do arco. Felipe Marcantonio continua a trabalhar a relação entre Viviane e Ramona em Chuva. No arco, Ramona cita que tem uma mãe controladora, que a faz fazer coisas das quais não gosta. Nessa história temos uma analogia a isso quando no Jardim Botânico, Ramona encontra uma criança na mesma situação. Gosto que Marcantonio mostra os dois lados da moeda: essas mães continuam amando seus filhos. Só precisam aprender a conhecê-los melhor. Temos o icônico reencontro de Viviane e Acácio, nada agradável por sinal. Vivi sente ciúmes da relação de pai e filha, e Acácio a confronta dizendo que viver com ela não é o mesmo que conhecê-la. E para mim, o momento mais emocionante: Ramona faz um mosaico de plantas com o rosto da mãe, e as duas choram. Todo o desenvolvimento em torno dessa família me emociona muito, principalmente sabendo do que está por vir na próxima edição.
Fechando a edição, Daniel Mallzhen continua trabalhando Milena em O Paradoxo dos Gêmeos. É a minha one-shot favorita, porque traz uma dinâmica que eu adoro entre meus dois personagens favoritos do quinteto: Milena e Cascão! Confesso que no inicio da terceira série, não tinha o porque gostar da Milena, era uma personagem muito vaga. Mas ao decorrer das edições ela vai ganhando destaque e personalidade, e isso me fez apegar nela. Na narrativa, os dois são opostos e tem que fazer um trabalho juntos. Eles aprendem um com outro e tem um trabalho bem legal. Milena é apresentada como uma garota muito ligada a ciência, focada (até demais), com dificuldade de assumir o erro e animada com projetos novos. Daniel escreve muito bem em 30 páginas, ainda quero ver esse homem em um arco principal.
Essa é, provavelmente, minha edição favorita da terceira série até agora. Continua um arco maravilhoso e com temas delicados, traz um desenvolvimento lindo de Viviane e Ramona, e ainda trabalha Milena como ela merece. Favoritada, sim!