Mutante X 26/08/2023Aventura medianaUma das principais características da Marvel é ter seus personagens semelhantes às pessoas comuns, do mundo real. Ao longo das décadas, a editora tem criado grandes histórias com esses heróis e, por conta dessa característica, os aproximado dos leitores. O único detalhe que quebra esse "realismo" é o envelhecimento dos heróis, que é bem mais lento do que no mundo real, por razões óbvias - se envelhecessem como nós, todos seriam idosos com mais de 60 anos. Os heróis não podem envelhecer... mas permite uma brincadeira criativa e é justamente essa a premissa dessa edição: uma história em que os membros do Quarteto envelhecessem em tempo real.
A Marvel já fez uma "história de vida" com o Homem-Aranha e foi muito bem escrita. Faltava fazerem o mesmo com o Quarteto Fantástico, os primeiros heróis criados por Lee e Kirby que são a gênese do Universo Marvel. Em seis capítulos, a trama mostra os membros do Quarteto envelhecendo em tempo real, de 1961 até 2018. A história carrega no drama familiar - afinal, o que diferencia os membros do Quarteto dos outros heróis da Marvel é justamente o fato deles serem uma família! - mostrando a determinação de Reed em suas descobertas científicas, deixando em segundo plano a vivência doméstica. Desprezada pelo marido, Sue mostra que é mais do que uma dona de casa se engajando em manifestações políticas e feministas. Ben é o reclamão que odeia Reed por tê-lo transformado num monstro e destruído sua vida e Johnny é o mais descolado e, surpreendentemente, o mais maduro da equipe.
Diferentemente da história de vida do Homem-Aranha, onde toda carreira do Aracnídeo é perpassada através dos anos, a história do Quarteto muda aquilo que já conhecemos - Ben nem mora junto e eles se encontram quando surge alguma ameaça! - e vários detalhes são omitidos. A impressão que dá é que o roteirista Mark Russell não quis prestar uma homenagem à Família Primordial, mas, como a maioria dos roteiristas, criar uma nova origem e imprimir a sua marca ao grupo. Ficou bom? Ficou ótimo. A releitura das aventuras do Quarteto deu um novo frescor à equipe e explorou bem a personalidade dos personagens. Mas creio que seria mais apreciada se tivesse lido antes da do Homem-Aranha. A mim, pareceu-me que o autor fugiu da proposta, porque ele criou uma nova história e não contou a "história de vida" do grupo.
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