Tamirez | @resenhandosonhos 02/08/2018Ghost WorldSe você ainda não passou pela adolescência e é ainda muito jovem, talvez você não compreenda todas as inseguranças que esse período oferece. Porém, acredito que a grande maioria das pessoas que vão ler essa resenha já tenham ou estejam passando pelos conflitos e indecisões que acompanham a idade.
Há 20 anos atrás, em 1997, Daniel Clowes dava voz à juventude com Ghost World, uma obra que acompanha a vida de duas jovens adolescentes que acabaram de terminar o ensino médio e ainda não sabem para onde vão. Enid Coleslaw e Rebecca Doppelmeyer tem personalidades e estilos diferenciados, tanto uma da outra quanto do que um jovem normalmente quer deixar passar. Porque todos nós sabemos que essa é uma época da vida onde nós escondemos por trás de vários rótulos e padrões.
Porém, acho que um dos diferenciais disso é ter essas personalidades desnudadas, expostas e sem filtro a sua própria maneira. Edis é super descolada e alternativa, gosta de usar roupas menos tradicionais e não está nem um pouco preocupada com o que pensam dela. Já Rebecca é uma garota bonita que parece estar mais acima na cadeia social e é lembrada disso pela amiga, apesar de terem uma relação de cumplicidade que transcende as diferenças.
O que fazer a seguir, que faculdade escolher, ir para longe ou permanecer, como ver o mundo, onde se situar, o que fazer em relação aos garotos e aos sentimentos que despertam, as inseguranças e os medos são apenas algumas das nuances que o autor trabalha em suas 144 páginas, que também são complementadas por vários extras do início da criação e das diversas edições que a obra teve.
E se tratando de uma história para jovens não há papas na língua e a linguagem utilizada é com gírias e palavrões, dando mais veracidade aos diálogos que ocorrem entre os personagens. Eu sendo uma “criança dos anos 90”, me identifiquei com algumas coisas e outras nem tanto, já que estamos em uma realidade mais “americanizada”.
Vale mencionar que talvez vocês já tenha assistido a essa história sem saber de onde ela se originou. Em 2001, Scarlett Johansson e Thora Birch estrelaram uma adaptação cinematográfica que foi aclamada pela crítica e ganhou indicações ao Globo de Ouro e ao Oscar.
Acho que para quem é fã de quadrinhos essa é uma leitura relevante e indicada, principalmente pelo peso atual do autor que tem muitas outras obras publicadas e premiações, além do ótimo retrato da juventude dos anos 90 que mantém ainda muitas coisas vivas nos dias atuais.
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