Chamado em seu próprio país de "padrinho oculto e inquietante da literatura latino-americana do século 20", o escritor uruguaio Juan Carlos Onetti (1909-1994) tinha uma prosa econômica e despojada do grandiloquente barroquismo que fez a glória de tantos outros autores do continente.
Pouco de pitoresco, muito de pessimismo: para Vargas Llosa, o mundo de Onetti está "carregado de negatividade, o que faz que ele não chegue a um público muito vasto". Faulkner e o existencialismo são as influências mais marcantes de um escritor que dizia que "há só um caminho. O que sempre houve. Que o criador de verdade tenha a força de viver solitário e olhe para dentro de si".
Esse mundo individual e peculiar está estruturado em torno da fictícia Santa Maria, cidade fluvial e provinciana, que o autor nos dá a conhecer por meio de lembranças ou narrações de personagens recorrentes em várias de suas obras, como o médico Díaz Grey. Por vezes, parece que nada acontece. Por isso mesmo, o que acontece não é pouco.
Contos / Ficção / Literatura Estrangeira