A Casa do Incesto

"Escrita musical de trama fina com claras percepções do mundo interior dos seres humanos", assim é descrita a obra por Lawrence Durrell. A publicação dos Diários de Anaïs Nin foi seguida pela aclamação internacional que seu trabalho há muito merecia. As quatro peças presentes na obra fazem eco aos temais universais e modernos dos relacionamentos e experiências tão explorados nesses Diários.
Tanto a lendária Casa do Incesto como as três novelas integrantes de Inverno de Artifício estão entre os primeiros trabalhos de ficção publicados pela autora. As histórias de Inverno de Artifício são estudos sobre o relacionamento pai-filha e explorações da autodescoberta, com raízes nas experiências dos anos 30 e 40 em Nova York. Enquanto que a célebre A Casa do Incesto, escrita nos anos passados em Paris, é descrita pela autora como "a semente de todo o meu trabalho, o poema do qual nasceram as minhas novelas", que mais tarde serviu de base para o famoso curta-metragem de Ian Hugo, Bells of Atlantis. Na manhã em que se levantou para iniciar este livro, ela sentiu que algo lhe estava a sair da garganta, estrangulando-a. Rasgou o cordão que o retinha, arrancando-o e, quando voltou para a cama, disse: “Acabo de cuspir o coração”. Equivale este ato à escrita, como se esta fosse uma forma de ultrapassar o medo da loucura e da solidão. O isolamento e a alienação são revelados no texto através de uma teia de sonhos e pesadelos. Tudo se decompõe, tudo “tinha sido feito para ser imóvel, uma vez que todos tinham medo do movimento e do calor e receio de que o amor e a vida desaparecessem e se perdessem”.

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