Uma narrativa de múltiplas identidades, um narrador plural perpassado por várias vozes, um corpo rabiscado nas páginas do romance, uma subjetividade que resiste em cristalizar sua materialidade corporal. Um ser forjado a partir das lembranças, de uma memória que é outra, insolitamente nova, falsa, imaginada, enganosa. Sua vida se mantém apoiada em flashes desconexos de um corpo fragmentado, mínimo, uma memória que amadurece fora dos limites temporais e vai se materializando em outras identidades que não são apenas roupas sociais, mas sim incontroláveis como os impulsos do próprio corpo, desdobrado em si mesmo, às vezes arqueado, outras inadequado, e quase sempre poroso e escatológico.
Ficção