Escrito na fase final da vida de seu autor, A Cidade e as Serras (1900) é uma alegoria irônica e muito atual sobre o culto do progresso e das novidades da ciência e da tecnologia. Nesta pequena obra-prima, um dos pontos altos do humor queirosiano, encontram-se sintetizadas as virtudes técnicas e temáticas que fazem de Eça de Queirós um dos autores mais representativos do século XIX em Portugal.
A narrativa conta a estória de Jacinto de Thormes, moço de família portuguesa que nasce e se cria numa suntuosa casa em Paris, onde, entre todos os presumíveis benefícios da civilização, leva uma vida elegante e repleta de prazeres. Todavia, só conhece a felicidade plena quando se estabelece nas terras simples do interior de Portugal, onde se casa e tem filhos. Por meio desse romance insinuante, Eça de Queirós oferece uma resposta metafórica a uma velha questão colocada pela cultura européia sobre a verdadeira fonte da felicidade. Segundo o texto, ela consistiria, entre outras coisas, no apego às coisas simples e espontâneas, associadas aos valores nacionais.
Literatura Estrangeira / Romance