Adeze levou anos para decifrar a própria história.
Mas não era difícil depois que se desfazia o emaranhado, uma vez desatados os nós de lembranças. Nada especial, nada diferente.
Nada que não acontecesse o tempo todo.
O que aconteceu foi:
Escravos africanos desembarcaram no porto de Santos, e foram levados para São Paulo em busca de melhores mercados.
Sinhá Ana e sinhá Carolina Rossi queriam quem lhes guardasse a casa e um vizinho foi por elas comprar um escravo. Negociou junto duas crianças tão fracas que saíram quase de graça, uma negrinha frágil e seu irmão menor.
A menina ficou para servir na casa.
O menino ele levou consigo.
Só isso.
Uma pequena transação que talvez nem constasse em documento.
Parecia tão maior em seus pesadelos.
Ficção / História do Brasil / Jovem adulto / Literatura Brasileira