A experiência do deslocamento, da mobilidade, da migração, parece falar muito de perto à nossa sensibilidade contemporânea. Insistentemente convencidos quanto ao apagar das fronteiras, constantemente incitados à velocidade, mas frequentemente dissuadidos de movimentos outros que não os estritamente necessários e funcionais, vemos questionadas as nossas referências mais habituais. Somos assim, convidados a constantes mudanças e reinvenções.
Tudo isso nos coloca questões diversas que são encaradas de diversas formas em nossa sociedade. O retorno a lugares e tradições, a imersão na cultura dos antepassados, o controle dos movimentos indesejáveis e as barreiras contra estranhos são alguns desses desdobramentos. Neste contexto, o refúgio em um mundo de “cada um no seu lugar” não parece mais possível de ser localizado.
O migrante, o refugiado, o deslocado, o fronteiriço e o habitante da periferia urbana vivem superando limites, reconstruindo mundos em seus movimentos. Como saber de seus caminhos no passado, acompanhar os seus passos no presente e imaginar o seu futuro?
Essas são perguntas difíceis de se responder dentro de limites restritos a uma única disciplina do campo científico. Tais questões se apresentam não somente ao pesquisador, mas também a quem se move pela defesa dos direitos dos migrantes, dos que sofrem a violência do deslocamento forçado ou da restrição do seu direito à livre mobilidade.