"Mila ouvia enfeitiçada. Não estava com medo; ao contrário, sentia-se atraída pelo olhar meigo daquela que era sua mãe. Sua vontade era de se atirar aos seus braços. Estendendo as mãos em sua direção, ela murmurou:
-Mãe, mãe!...
Subitamente, ao lado dela avultou-se uma alta e esbelta figura de um homem de preto. Seu rosto era belo, mas descorado; o olhar, dirigido para o espectro da mulher ainda postado na escada, fitava-a com chama contrariada. A visão feminina oscilou e retrocedeu, em cujos olhos se liam medo e repugnância.
-Fora, insana! Ela é minha e não servirá aos Céus - bradou a figura masculina, erguendo a mão em gesto ameaçador, em cujo dedo brilhava um anel.
Em contrapartida, o vulto da mulher endireitou-se, e em sua mão surgiu um crucifixo, estendido na direção do espectro masculino. Este recuou visivelmente assustado. Entrementes, a imagem da mulher empalideceu e derreteu-se na névoa noturna.
Em espanto emudecido, Milla assistia àquela cena..."
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