Os textos nus e simples de Simone Weil reunidos nesta coletânea de pensamentos traduzem uma experiência interior de uma autenticidade e uma exigência incomuns, que o leitor atento saberá reconhecer.
Ao criticar toda a ilusão, a filósofa mostra a inconsistência e periculosidade dos mitos com que o homem disfarça e aliena a humanidade: a fé em instituições idolatradas como se fossem eternas e absolutas, a esperança no futuro e a complacência nas ficções produzidas pelo mecanismo consolador da imaginação.
A leitura de “A Gravidade e a Graça” de Simone Weil (1909-1943) é o mergulho intenso numa reflexão que permite assinalar com conhecimento de causa o centenário do nascimento de uma das personalidades mais ricas do século XX. E só esta invocação poderá ser fiel à existência de uma mulher que se colocou no epicentro das grandes angústias e incertezas de um século em que muitas esperanças se tornaram tragédias e em que muitos dramas puderam abrir novos horizontes de humanidade. George Steiner disse, aliás, que “entre os grandes espíritos femininos de todo o mundo, o de Weil impressiona-nos por ser aquele que é mais evidentemente filosófico, aquele que está familiarizado com a ‘luz da montanha’ da abstração especulativa”.