Manuel Correia de Andrade, em seu prefácio para o livro, ressalta que no ano em que chegamos aos 110 Anos do episódio da destruição de Canudos, arraial em que fanáticos e jagunços tentaram desenvolver uma sociedade diferente da que existia no Estado brasileiro, tendo pago caro por sua divergência, é muito oportuna a edição nacional do ensaio de Frederico Pernambucano de Mello intitulado ´A Guerra Total de Canudos´.
A obra analisa, entre outras questões, as causas remotas e próximas do conflito, plantadas, aquelas, na falha de colonização que privilegiava as zonas econômicas exportadoras; as características dos meios natural e social sertanejos, indo até a questão alimentar; a presença do Norte e do Nordeste no esforço de guerra, o que é feito pela primeira vez; a visão, sob tantos aspectos, superior de Antônio Conselheiro; como o problema da presença de negros ex-escravos no arraial de Canudos. ; e, finalmente, o papel desempenhado pelo Exército, despreparado, na época, para agir em uma região desconhecida e sem ter um sistema de apoio para a tropa em ação.
"Compendiando a matéria conhecida e revelando aspectos novos, difíceis de obter nessa altura do tempo, o estudo de Frederico Pernambucano de Mello, com a isenção que caracteriza a sua obra de historiador, tem lugar de destaque nas revisões com que estará transcorrendo mais um Aniversário dessa guerra trágica", sintetiza o intelectual Manuel Correia Titular da Cátedra Gilberto Freyre, da Universidade Federal de Pernambuco, morto em 22 e junho último.
Pesquisador experiente e cuidadoso, Frederico Pernambucano de Mello é historiador e procurador da União no Recife, cidade em que nasceu. Na especialidade, publicou Guerreiros do sol, 1985; A tragédia dos blindados, 1991; Quem foi Lampião, 1993; Delmiro Gouveia, 1998, e tem no prelo Estrelas de couro.