Será incorreto, pois, aformar que o "brasileiro é violento". Na verdade o brasileiro é um homem violento. A violência contra o povo brasileiro pertence ao seu cotidiano e, habitualmente, já é absorvida. A centena de fatos históricos antigos e contemporâneos, que culminados com derramamento de sangue - e que as autoridades e MCS nacionais tendem a desdramatizar diante da opinião pública nacional e internacional -, evidencia o processo sangrento e violento em que a sociedade está estabelecida. O controle repressivo das forças da ordem desenvolve uma tão grande ação social a ponto de não permitir explosões e revoltas populares mais frequentemente - veja-se isso hodiernamente nas massas nordestinas que saqueiam supermercados e cidades em tempos de agudização das secas. Dois terços dos brasileiros são conservados na periferia social numa decorrência política que faz do país um satélite econômico, onde é necessário amortecer choques da caminhada, com aparente preocupação com o popular, em diversas formas de manipulação. Este comportamento é sempre um fruto do autoritarismo, que sucede ao tratamento dos feitores da senzala colonial. O autoritarismo também se veste muito frequentemente do populismo. Ambos são formas de violência contra o povo. Ambos usam da conciliação entre seus pares, sem nunca fazê-la verdadeiramente com o povo. Convém recordar que o povo aqui é uma massa disforme e plural, propositadamente conservada dividida, apesar dos movimentos populares bradarem sua utopia: "povo unido jamais será vencido".