Uma personagem sem nome protagoniza este romance, que se constrói em camadas, como se a autora, a portuguesa Lídia Jorge, nos conduzisse para dentro de uma casa sem luz elétrica, no lusco-fusco, e nos fosse dado conhecê-la pouco a pouco, a luz bruxuleante de uma lamparina inaugurando espantos. No começo, tudo é nebuloso, perdidos que estamos entre brumas. Com o passar das páginas, no entanto, nossa vista se acostuma e aqui deciframos um móvel, ali uma paisagem, acolá personagens que se vão despertando do sono da memória. A manta do soldado, publicado originalmente com o título O vale da paixão em 1998 é mais uma prova do vigor da atual literatura portuguesa.
Ficção / Literatura Estrangeira / Romance