No livro "A micro-história italiana", dividido em duas partes, Henrique Espada Lima questiona a produção histórica nas últimas décadas a partir da análise detalhada de uma de suas versões mais controversas e, lamentavelmente, menos conhecidas pelo leitor brasileiro: a "microstoria" italiana. Na primeira parte, "Parâmetros de um debate", composta de dois capítulos, o autor expõe os termos em que se construiu o debate sobre a micro-história, a partir de uma interrogação mais geral sobre seus contextos e temas em torno dos quais se articulou historicamente. Na segunda, "Trajetórias de pesquisa", com quatro capítulos, o ângulo de observação é deslocado. O autor segue as trajetórias de pesquisa de três historiadores que foram seus protagonistas fundamentais: Edoardo Grendi, Giovanni Levi e Carlo Ginzburg. Por meio dessas três trajetórias excepcionais, desenha os limites de uma "biografia coletiva" que pretende lançar luz sobre algo mais do que a singularidade de cada protagonista. Na conclusão, Espada Lima recupera, enfim, parte dos desenvolvimentos posteriores da micro-história, retomando o contexto geral da historiografia contemporânea e o lugar das propostas micro-históricas dentro dele. A intenção não é devolver a coerência às trajetórias pesquisadas, mas olhar o contexto de modo menos homogeneizador, mostrando-o como o quadro fraturado e incompleto que de fato é.