Pequenas cidades podem, pela caneta de um autor, tornar-se imensas. Esse é o caso de Poços de Caldas, estação balneária sul-mineira, na qual Stelio Marras apresenta o embate entre um mundo rústico e a modernidade dos costumes e da ciência. O protagonista desse embate são as águas sulfurosas, para as quais confluem diferentes personagens - romeiros e ex-votos, coronéis e políticos, médicos e elites mundanas. As águas que curam e fundam a cidade irão, com efeito, ditar tanto a sua ascensão, em tempos de belle époque, como a sua queda, em tempos de farmacoterapia e migração do mundanismo para outras searas. As águas enfraquecem. Ensaístico e literário, este livro devolve às ciências sociais um pulsar intelectual há muito perdido. É um reencontro com a melhor tradição do pensamento brasileiro.