A Puta

A Puta Marcia Barbieri


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A Puta





O corpo, a carne, o sangue, as vísceras, o magma, os primeiros mares, as primeiras criaturas, os mitos, a ciência, a filosofia, a arte, a guerra e a cópula compõem um corpo colossal, uma estrutura andrógena, um ser divino ou como Márcia Barbieri a define uma simples partenogênese.
A Puta é uma obra repleta de vozes, consciências interligadas em uma narrativa de sonhos/pesadelos/reais capazes de erguerem uma guerra atemporal um combate sem brasões e sem tempo para findar. Basta permanecer vivo para ser lançado ao front: Trazemos o germe da humanidade em nossas trompas, nada que multiplica pode ser inocente.
Segundo Freud os sonhos são originados por dois elementos fundamentais: a condensação e o deslocamento elementos responsáveis por coletarem partes de diferentes períodos da formação de um ser e os reproduzirem através de símbolos. Barbieri simboliza em sua obra fragmentos da história humana por meio de uma das funções mais antigas da humanidade e que em outros tempos era considerada uma ocupação sagrada associada à Grande Deusa.
A narrativa é inteiramente rica de aforismos e metáforas Todos os dias nos enfiam um pau duro no rabo. E tiram antes que se chegue ao gozo e leva o leitor a uma atmosfera aparentemente surreal, contudo a realidade é a cereja envenenada do bolo percebe-se um território sócio-político-cultural perfeitamente combinado com as películas de Cláudio Assis que mostra que o feio e o sujo não estão no exagero da cópula e sim na exploração, na desigualdade e na miséria (a mais obscena das palavras).
Fortalecida por uma prosa poética (marca da escritora) a obra se destaca pela profundidade, pela poesia imagética, pela acidez e força de suas personas sem as supérfluas descrições que substituem as sensações e a subjetividade das personagens pelo objeto inanimado, pela coisa, por tudo aquilo que não faz a menor diferença em qualquer universo. É como a própria personagem da obra afirma: a escrita não passa de uma tentativa idiota de dar vida a marionetes, a criação não é capaz de suprimir a representação e a representação é uma banalização do real.
A Puta transmite ao leitor um desejo de significação, pois em um universo cuja sacralidade de Eros é tida como unânime é complexo aceitar uma origem literária advinda do Caos. Ordenou que eu descruzasse as pernas, me levantasse, arrancasse a roupa porque queria um amor sem nódulos, sem nervuras, sem liames, sem juncos.

Literatura Brasileira

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Resenhas para A Puta (4)

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on 30/5/22


Essa foi a leitura mais diferente que fiz nos últimos meses. A autora contou toda a história em apenas um parágrafo, com um fluxo constante de consciência. Apesar de não gostar muito de leitura de fluxo de consciência, foi uma leitura válida, contada de forma crua, na qual a proposta é levar ao leitor a forma mais crua do ser humano.... leia mais

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Desejam10
Trocam1
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Jean carlo
cadastrou em:
23/09/2014 21:15:13
Adriana Scarpin
editou em:
23/02/2016 13:20:23

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