A primeira linha, este livro situa-se na linhagem dos contos de Esopo, de La Fontaine e de outros que nos encantaram na infância. Tal como os seus predecessores, Orwell escreveu uma fábula, uma história personificada por animais.Mas há nesta fábula algo de inquietante. Classicamente, atribuir aos animais os defeitos e os ridículos ds humanos, se servia para censurar a sociedade, servia igualmente para nos tranquilizar, pois ficavam colocados à distância, "no tempo em que os animais falavam", os vícios de todos nós e as suas funestas consequências. Em A Quinta dos Animais o enredo inverte-se. É a fábula merecida por uma época - a nossa época - em que sã os homens e as mulheres a comportar-se como animais. O que ocorre no livro não é apenas a conversão dos porcos em homens, porque Orwell escreveu nas últimas linhas que os animais que trabalhavam na quinta "olhavam dos porcos para os homens, dos homens para os porcos e novamente dos porcos para os homens: mas era já impossível distingui-los uns dos outros". Se os porcos se haviam tornado humanos, por outro lado nada distinguia os humanos dos porcos, e a fábula de Orwell encerra-se na circularidade deste percurso. É acerca desta circularidade que cabe reflectir.
Ficção / Fábula / Política / Sociologia
A Revolução dos Bichos, escrito na época da Segunda Guerra Mundial, ataca de forma alegórica o modelo soviético sob a ditadura de Stalin. Dessa maneira, cria-se um retrato muito fiel, por meio dos bichos, do que ocorre de fato na tentativa de implantar o comunismo. Um leitor distraído pode pensar que se trata de um livro infantil e de fato, a engenhosidade de George Orwell é tamanha que, além de ser uma denúncia do que ocorre na União Soviética, ta... leia mais