O desencantamento do mundo ocidental, em que a laicidade reina absoluta, pode facilitar a volta de “demônios do passado”. Para Luc Ferry e Lucien Jerphagnon, a única forma de evitar a reedição de tragédias e de olhar o futuro com otimismo é reconhecer a herança religiosa cristã como parte indissociável da cultura europeia. Em debate na Sorbonne transformado no livro A Tentação do Cristianismo, que chega agora ao Brasil pela editora Objetiva, os dois filósofos franceses mostram que não se pode dissociar a religião da cultura, como fazem os fundamentalistas, nem se pode entender a cultura sem pensar em religião, como querem os secularistas. A mensagem de Cristo revolucionou o mundo grego e romano ao unir as duas pontas, trazendo a fé para o plano da história. Deus encarnado em Cristo representou uma espécie de emancipação do homem, e a grande novidade do cristianismo – sua “tentação” – é o amor.