Escrito no calor do momento, entre 1987 e 1991, o autor segue, por um viés marxista, o colapso das experiências socialistas no Leste Europeu: União Soviética, Polônia, Hungria, Tchecoslováquia e Romênia. O belga Ludo Martens apresenta a desagregação do socialismo como um processo histórico iniciado a partir do revisionismo de Nikita Kruschev nos anos 1950, que decretou o fim da luta de classes no socialismo soviético e instalou uma burocracia no comando do país. 3 décadas depois, esse projeto evolui para a reinstalação do capitalismo a partir da Perestroika de Gorbatchev e dos interesses de uma nova burguesia que tomou o controle do Estado e do Partido Comunista da União Soviética. Durante 30 anos foram destruídas as bases da política de Lenin e Stalin, tais como a percepção da continuidade da luta de classes no socialismo e a economia planificada, levando a um relaxamento da vigilância sob elementos burocráticos e contrarrevolucionários e a defesa cada vez mais aberta da propriedade privada e da economia de mercado.
O autor refuta o revisionismo e aponta que o "antistalinismo" na verdade é um disfarce utilizado pelos revisionistas para defender teses antissocialistas. Martens aponta a demonização de Stalin como produto de uma burocracia que se aproveitava de seus cargos no poder para travar o avanço da ditadura do proletariado, criando uma classe de privilegiados que seria posteriormente chamada de "nomenclatura". O autor defende que as pretensas "críticas aos erros de Stalin" na verdade eram uma forma de combater seus acertos e uma plataforma de projeção para a negação do leninismo e do socialismo. Com fartas fontes que dão voz ao revisionismo e à contrarrevolução, o autor mostra que os maiores adversários do socialismo do Leste estavam dentro dos partidos comunistas e do Estado e que levaram à implosão daquelas experiências de dentro para fora. Um livro para quem quer estudar mais o colapso da URSS e a continuidade da luta de classes no socialismo.
História / Política