A Vida e as Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy

A Vida e as Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy Laurence Sterne


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A Vida e as Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy





Clássico da literatura universal, este livro retorna, trazendo o pregador anglicano que começou sua carreira literária aos 47 anos e que escrevia com a desenvoltura de um aristocrata, de um frequentador de salão literário, de erudito versado nas coisas mundanas. Editada em 1984, esta tradução tem o brilho do original, além de vir acompanhada de um estudo em que o talento ensaístico de José Paulo Paes se mostra um guia seguro e inteligente para a compreensão de Sterne, de sua obra, dos contextos histórico-literários que o tornaram célebre no século XVIII.

As embromações do Cavalheiro Tristram Shandy

Qual o fator que favoreceu a tomada de Estrasburgo pelos franceses? Segundo o cavalheiro Tristram Shandy, foi um nariz. Pouco antes da invasão francesa, a cidade teria recebido um visitante cujo monumental apêndice nasal acabaria por causar intensa polêmica. Todas as autoridades políticas, clericais e filosóficas da cidade viram-se às voltas com a fatídica questão: seria o nariz verdadeiro? Os Narizistas afirmavam que Deus poderia fazer um nariz do tamanho da Catedral de Estrasburgo; e os Antinarizistas afirmavam que o centro de gravidade do corpo se deslocaria, e que, ou o nariz despencaria do homem, ou o homem despencaria do nariz. E, assim absortos pelas questões, compenetrados na querela, seriam surpreendidos pelos invasores franceses, e subjugados.

Esta é a forma pela qual Laurence Sterne (1713-68) ridiculariza as discussões improfícuas de seu tempo. Fingindo tecer uma autobiografia do cavalheiro Tristram Shandy (personagem que quase não participa do livro), este pacífico pároco de aldeia deu uma rasteira em todas as regras clássicas da literatura, construindo um romance que escapa a qualquer definição. Além do caso de Estrasburgo, há mil outros temas que são vítimas de sua pena incisiva (como o matrimônio, a oposição entre católicos e anglicanos, a política, os escritores de sua época, a obscenidade, etc). Através de uma estrutura narrativa originalíssima, fazendo das digressões e do bom humor seus principais ingredientes, Sterne deu à luz um dos mais significativos romances das letras inglesas. Quem não conhece os exóticos capítulos de Memórias Póstumas de Brás Cubas, com os quais Machado de Assis soube dar uma virada nas letras brasileiras? Pois onde foi que Machado se inspirou, senão neste Tristram Shandy, em que há capítulos em branco, páginas arrancadas pelo autor e dedicatórias expostas à venda? Ou em que as digressões sobre futilidades podem ocupar dezenas de páginas, com capítulos sobre pragas e danações, sobre casas de botões, sobre capítulos?

Através destes e de outros atrevimentos literários, o trabalho de Sterne inaugurou um novo modo de ver a literatura - um modo em que as regras não existem senão para serem ridicularizadas e rompidas seguidamente.

O século XVIII deixou dois romances obrigatórios nas letras inglesas: "Viagens de Gulliver" e "Tristram Shandy". Mas o Gulliver de Swift tem paralelos na "Arcadia", de Sir Philip Sidney, na "Utopia" de Sir Thomas More, em "Erewhon", de Samuel Butler; o "Tristram Shandy" de Sterne não tem nenhum paralelo.

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