Mungunzá, canjica, pamonha, tapioca molhada, pé-de-moleque, arroz-doce. Doces de goiaba, jaca, araçá, caju, banana e coco: estas e muitas outras iguarias tornaram-se referências obrigatórias sobre a nossa cozinha, formando o gosto dos brasileiros desde a mais tenra infância. Em Açúcar, o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre reúne, com uma erudição leve e saborosa, preciosas receitas de bolos e doces guardadas por tradicionais famílias nordestinas. Enfocando o açúcar como o elemento responsável pela liga entre diversos paladares e culturas, o autor demonstra a existência de uma arte do doce no país criada à sombra da escravidão. Para Freyre, essa arte, do mesmo modo que a música, a arquitetura e o futebol, configura-se como uma presença cultural ativa e criadora, que confere ao Brasil uma identidade singular.