Adão, Eva e a Serpente

Ao pesquisar fontes judaicas e cristãs, a professora de teologia Elaine Pagels sentiu-se fascinada pela história da criação e os mitos de Adão, Eva e a serpente. É incontestável que esta história, escrita por tribos hebraicas há mais de três mil anos, exerce extrema influência sobre a cultura ocidental, mas a extensão e complexidade de seu efeito são incalculáveis.

"Adão, Eva e a Serpente" mostra com certas idéias - particularmente as referentes a sexualidade, liberdade moral e valor humano - tomaram feição definitiva nos quatro primeiros séculos de nossa era. Essa idéias, raramente escritas de forma direta, eram metaforicamente vislumbradas por meio das interpretações sistemáticas da história da criação. Assim, acompanhamos explicações as mais diversas e curiosas. Clemente de Alexandria, por exemplo, achava que, tal como Adão, somos responsáveis pelas escolhas que fazemos livremente - sejam elas boas ou más. Já alguns gnósticos radicais chegaram a contar uma história da criação do ponto de vista da serpente: afirmavam que ela era o mais sábio dos animais e tentara persuadir Adão e Eva a compartilhar a árvore da sabedoria, desobedecendo o invejoso criador.

Mas foi com Agostinho, um dos maiores professores do cristianismo ocidental, que a doutrina cristã sofreu uma mudança revolucionária: em vez da celebração da liberdade humana, agora preconizava a servidão universal do pecado original. É esta transformação, de consequências tão profundas, o assunto de "Adão, Eva e a Serpente", primoroso estudo de Elaine Pagels.

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