A moda e o punk. A bela e a fera. Um casamento insólito que, à primeira vista, faz pouco sentido.
A relação é repudiada por ambos os lados. Os punks, desgostosos de se verem ligados a uma “futilidade”, cospem para o lado, ignoram. Os estilistas, ofendidos pela acusação de serem influenciados por tal movimento, negam três vezes. Ninguém gosta de tocar no assunto.
Aí entra Daniel Rodrigues.
Neste livro, ele se propõe a investigar o assunto. Começa com a história do punk e mostra que essa inter-relação sempre esteve lá. É impossível falar do punk sem lembrar de Malcom McLaren, empresário dono de uma loja de roupas que criou os Sex Pistols, banda síntese do niilismo e da iconoclastia punk. E como eles expressavam isso? Pelas suas roupas, ora. O fetichismo, os rasgados, as junkie faces, os motivos militares: nada era deliberado.
O livro passa também pela história da moda, da alta costura. As mudanças introduzidas por aqueles que viriam a ser seus grandes nomes: Chanel, Dior. O fim do século XX que vê a moda, com seu espírito antropofágico, abraçar e digerir as tendências do punk. Westwood, Galliano, Gaultier, nomes que não se furtaram de pôr a rua em cima de uma passarela.
É tudo isso e algo mais que o leitor vai encontrar aqui. Como diriam quatro rapazes magros cujo visual em jeans e couro faz sucesso até hoje: “Hey, ho, let’s go”.