"Gregor transformou-se em barata gigante./ Eu não: fiz-me aranhiço" São esses os versos que abrem o primeiro poema de Aracne, livro publicado pela Assírio&Alvim em 2004. Com poemas repletos de ironia, António Franco Alexandre questiona a supremacia do humano no mundo, forjando o ponto de vista de um aracnídeo. A teia, grande obra da aranha, enseja uma série de metáforas que aproxima o fazer-aranhiço do fazer-literário. De tamanho diminuto e vida a priori frágil perante a nossa, os aracnídeos existem há muitíssimo mais tempo que os humanos e, por meio da palavra poética de Alexandre, deixam de ser um tema de interesse biológico para inscrever sua presença onipresente na dinâmica dos seres vivos, bem como no imaginário dos poetas.
Poemas, poesias