Arlington Park acompanha um dia na vida de um grupo de mulheres num subúrbio londrino. Os limites do casamento e da criação dos filhos pontuam a trajetória de Juliet, professora que coordena um grupo de leitura no ensino médio; de Amanda, que trocou o emprego de gerente numa empresa de recursos humanos pelas tarefas domésticas; de Maisie, recém-chegada da capital; de Solly, que reforça o orçamento hospedando estudantes estrangeiras, e de Christine, dona de casa que prepara um jantar para aquela noite.
Com delicadeza na reprodução de um cotidiano sem sobressaltos, em que a normalidade pode ser tão terrível quanto o desespero, Rachel Cusk procura entender a complexidade de personagens escondidos sob gestos mecânicos e sentimentos muitas vezes indefinidos, ambíguos, incoerentes.
Num procedimento literário que segue o modelo do romance Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf, com sua ação concentrada num curto período de tempo e acuidade na descrição psicológica, Cusk empreende um tour de linguagem que revela uma sabedoria amarga, mas também irônica e por vezes afetuosa. É por meio dela que obtém uma obra original sobre a condição feminina hoje.
Ficção / Literatura Estrangeira / Romance