Arte e sociedade em Marcuse, Adorno e Benjamin

Arte e sociedade em Marcuse, Adorno e Benjamin José Guilherme Merquior


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Arte e sociedade em Marcuse, Adorno e Benjamin


Ensaio crítico sôbre a escola neohegeliana de Frankfurt




Pelos idos de 1959, sentávamo-nos nos bancos da Faculdade de Direito um colega magrinho com cara de guri e eu. Batíamos papo durante aulas inteiras, sôbre literatura, principalmente, cinema, teatro. Uma vez na conversa falei de uns contos de minha autoria, publicados no extinto Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, aquêle que saía aos sábados. Falamos horas sôbre a turma do SDJB e, me lembro muito bem, mencionei um cara genialíssimo e muito sério que escrevia lá. Impressionara-me um artigo-monstro chamado NEOLAKOON. O meu colega então disse que era dêle, dêle próprio, José Guilherme Merquior. Ficamos, portanto, muito amigos desde então. E sinto-me inteiramente à vontade para poder dizer do respeito e da admiração que Merquior provoca, justamente por admirá-lo e respeitá-lo, antes de conhecê-lo.
O que mais espanta em JGM não é tanto a quantidade de leitura que tem (que é enorme e espantosa) mas, sim, o fato de ter diferido, assimilado e domesticado tudo aquilo que leu. Começou, assim, o duro ofício do crítico de poesia com uma bagagem cultural definida e com olhos amplos para ver o mundo. Alivia a isto a diretriz intransigente de saber o Brasil poèticamente.
Sua passagem pela crítica foi devastadora, desmitificadora e polêmica. Se foi duro com alguns poetas mais ou menos consagrados, revelou muita gente nova e ajudou a compreensão de muitos clássicos. Nessa ocasião, seu estilo era vivo e dinâmico, mas às vêzes tornava-se um pouco pesado e hermético.
No seu primeiro livro, entretanto, êsses aspectos menos positivos desapareceram. À análise cada vez mais lúcida juntavam-se a limpidez nova da frase e a clareza das idéias sempre abertas. A Razão do Poema foi o livro da libertação da fase primeira de JGM, reunindo críticas, trabalhos antigos e dois ensaios altamente polêmicos, de grande repercussão nos meios intelectuais.
Atualmente fora do Brasil, José Guilherme Merquior edita seu segundo livro, que é tríplice - pode-se dizer - sôbre as personalidades ímpares de Benjamin, Adorno e Marcuse. Com a precisão de um bisturi bem manejo, a sua visão atual descortina aspectos originais dos três autores, abrindo o campo filosófico para novas especulações e polêmicas. Porque JGM não está nunca preocupado em fechar questões e em ser o rei do mundo. É um homem môço e sem preconceitos, que não tem mêdo de dizer o que acha. Um sujeito que honra a sua geração e a literatura de seu país.

Sérgio Tapajós

Artes / Filosofia / História / Sociologia

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