Caro leitor
Espere um pouco que em breve vou lhe dar um beijo. Antes de recebê-lo na face, não se sinta rogado em abandonar à nossa prosa. Saiba que preciso de apenas alguns minutos da sua atenção. Tenho certeza que quando começar a contar as minhas histórias, não vai conseguir refugar. É da sua natureza ser curioso.
Não é fácil comandar uma horda de diabretes. Às vezes eles fogem de mim e tenho que buscá-los entre os humanos. Foi o que aconteceu com Sarah e Mary. Alguns diabos insurgentes fizeram as honras da casa sem a minha permissão. No entanto, tenho que admitir que fizeram um bom trabalho. As duas são, sem dúvidas, mulheres peculiares que desafiaram o querer de Deus para realizar os seus próprios desejos. Isso não é para qualquer um. Nem mesmo eu fui capaz de fazê-lo. Recebê-las no Inferno foi uma honra.
Por outro lado, Richard, Bruno e Samael me deram trabalho, muito trabalho. No caso de Richard, o Paraíso decidiu o seu destino. Achei justo. Não costumo questionar os desejos do Portador da Luz (e ele faz o mesmo comigo). Quanto a Sam, não tive outra alternativa que não fosse de castigá-lo. Na situação em que me encontrava diante do ‘Diablo Abaal’ precisei ser enérgico. Se não for assim, corro o risco de perder o meu trono. Não pretendo me alongar sobre Bruno. Se perco meu tempo com sua aura sombria, não terei como falar de Rafaela; um anjinho sapeca que me custou um puxão de orelhas do Cosmo.
Agora que lhe apresentei os meus personagens, preste atenção nas histórias que vou contar sobre eles. Acho que tenho apreço por ti, criatura, porque não as conto para ninguém. Quanto ao beijo que prometi, já lhe dei. Você o sentiu? Sentiu aquele frio na bochecha? Aquele arrepio no couro cabeludo? Desculpe, caro leitor, não era minha intenção assustá-lo. Enquanto estiver na minha companhia, sinta-se livre do fogo do Inferno.
Lúcifer
Terror