As Minas de Prata (1865 - 1866), de José de Alencar, é uma espécie de modelo de romance histórico tal como esse tipo de romance é imaginado pelos ficcionistas. Foi publicado sete anos depois de "O Guarani", sendo a edição original de cinco volumes, em um total de mil páginas. A ação decorre no século XVII, em Salvador (Bahia), no ano de 1609; em uma época marcada pelo espírito aventureiro. É considerado o melhor romance histórico do autor.
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O assunto do livro é a busca (e a luta pela posse) do famoso roteiro que indica o caminho para a localização das minas de prata na Colônia, cuja descoberta se atribui a Robério Dias. É em torno de uma incansável busca pelo roteiro das minas que todas as páginas do romance, que é ação do princípio ao fim, gravitarão. Estácio, o herói do romance é filho de Robério Dias. Jovem metido em pobreza pecuniária, mas abastado de grande coragem e honra cavalheirescas, tem pela frente dois desafios: reabilitar a memória do pai, livrando-o da acusação de "falso" e "embusteiro" (quer dizer, de ter inventado a existência das minas), e superar o preconceito social para casar-se com Inês de Aguilar, a Inesita, que é "princesa inacessível", já que é nobre e rica. Para tanto, faz-se mister a recuperação do valioso roteiro. Temos também a figura cadavérica do licenciado Vaz Caminha, "o mais sábio letrado da cidade do Salvador". Representa, no caso, o pólo positivo do drama. Tutor, "pai espiritual e amigo" de Estácio, devota-lhe total desvelo ao amparo e educação. É também o "homem que sabia viver", penetrando o meio social à cata de alguns favores fundamentais. Mas há nele, em contrapartida, o "advogado seco e dogmático", cuja "necessidade de ganhar os meios de subsistência tinha criado essa personalidade, que, sendo a menos verdadeira, era a que a todos se manifestava". Vaz Caminha articula com o narrador o conteúdo dos documentos e manuscritos aos testemunhos e as lendas, no poderoso jogo de forças de herói e vilão conhece as armas e fornece os elementos da vitória ao herói, seu filho intelectual. Vaz Caminha age, põe, dispõe, cria ardis, persuade, pressiona em nome dos ideais de uma história com nobreza de princípios, de honradez, da linhagem e da tradição que acredita e defende. Vemos ainda em plano oposto a inteligência fina do padre Gusmão de Molina, o "visitador" da Companhia de Jesus. É velhaco e talvez uma das figuras mais interessantes de todo o repertório alencarino; denota o lado malvado da intriga e seu ponto alto. (...).
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