Este livro se insere no campo de estudos da Psicologia do Trabalho e apresenta análises sobre os impactos do trabalho na saúde mental dos trabalhadores, particularmente aqueles que compõem a categoria dos vigilantes bancários.
Inspirada nos princípios da Análise Ergonômica e Psicossocial do Trabalho, esta obra resgata a dimensão da atividade de trabalho, com ênfase para valores em jogo e para as estratégias criadas pelos trabalhadores para evitar e/ou amenizar possíveis conflitos que não poderiam ser contornados pelo simples uso dos "procedimentos padrões".
No estudo de caso de Ricardo, analisamos a sua trajetória ocupacional em busca da compreensão dos fatores que determinaram o seu adoecimento. Embora tenha sido afastado pelo Transtorno de Estresse Pós- Traumático, após um assalto ao banco onde trabalhou por mais de 10 anos,o trabalhador atribuiu à deteriorização do relacionamento com os funcionários do banco o estatuto de fator determinante em seu adoecimento.
O assalto, entretanto, foi visto por ele como a "gota d'água". E esse ponto do estudo se mostra particularmente importante e enigmático por reclamar a compreensão de como os relacionamentos interpessoais e a organização do trabalho contribuíram para o desgaste mental e adoecimento.
Sob uma nova perspectiva, as análises feitas neste livro nos permitem propor uma redefinição do "assédio moral" para "assédio psicossocial" que, para além da análise das relações intersubjetivas, inclui a análise da organização do trabalho e de seus efeitos sobre as relações humanas.
As situações de trabalho conflitivas e os paradoxos advindos no trabalho real são apontados como geradores de sofrimento psíquico dos trabalhadores, afetando inclusive as relações no âmbito familiar.