Beatriz Sobral foi uma menina pobre, baiana, que viveu o final do século XX. Nascida em 05 de Janeiro de 1971, ainda no período em que a ditadura militar estava instaurada no Brasil, cresceu em meio às notícias de mortes e perseguições que eram veiculadas através dos rádios. Beatriz frequentava escola pública na cidade de Salvador e passava o restante do dia em sua casa, onde era criada com extrema rigidez devido aos perigos que o regime oferecia, tendo assim a sua liberdade cerceada.
Sem amigos na escola e sofrendo bullying, o estado de isolamento da garota se intensificou quando presenciou, quase coincidentemente ao fim da ditadura, em Março de 1985, o falecimento da sua avó paterna, pessoa com quem mantinha estreita relação. A perda da sua avó lhe obrigou a viver, ainda muito nova (14), um luto que contribuiu para agravar a instabilidade da sua saúde mental, precisando lidar com a morte e, logo em seguida, um diagnóstico. Beatriz foi diagnosticada em Abril de 1985 com depressão e esquizofrenia após uma sofrer uma crise psicótica na escola, iniciando no mesmo ano o tratamento psicológico com a psicóloga Gabriela Pazinni, pessoa que a orientou a iniciar os registros no diário.
Seus relatos foram divulgados em 1998 sem qualquer menção à forma como foi conduzido o tratamento psicológico anterior à data apresentada no início do diário. A menina narra toda sua trajetória de sofrimento evidenciando diversos fatores ao longo dos textos que ajudam a compreender seu estado mental, bem como a não aceitação do próprio corpo, isolamento social, bullying, depressão e esquizofrenia, quadro esse que se agrava com o passar dos meses. Os textos iniciam em 1987 e são finalizados um ano depois, em 1988.
Drama / Literatura Brasileira / Psicologia