A poesia de Augusto dos Anjos é a poesia da Dor Universal. Refletindo o resultado das pesquisas científicas incrementadas no final do século XIX, sobretudo no campo das ciências naturais, ela toma o partido de todos os seres que sofrem, na natureza ou na sociedade. Vivendo numa época de grandes transições, o poeta paraibano assistiu à decadência dos engenhos tradicionais, em prol das usinas, e presenciou o início do processo de urbanização, cuja personagem principal vem a ser a cidade grande. Dela, Augusto dos Anjos mostra o lado negro, soturno, as paisagens degradadas. Os cenários de sua poesia são os cemitérios, os prostíbulos, as tavernas, as presenças constantes, nesses cenários, são os doentes, os marginais, as vítimas de uma sociedade voltada para o lucro. Influenciado inicialmente pelo Parnasianismo, Augusto dos Anjos, em sua poesia madura, aproxima-se mais do Simbolismo. Seus versos refletem a miséria, o sofrimento, a angústia mais do que nunca presentes em nossa sociedade - o que, sem dúvida, explica o interesse que ainda hoje desperta a sua poesia. É o que mostra este volume, organizado para Literatura Comentada por Zenir Campos Reis, professor de Literatura Brasileira na USP e autor do livro Augusto dos Anjos - Poesia e Prosa, dissertação de mestrado publicada pela Editora Ática.