Yan Lianke começou a escrever na década de 70 para tentar escapar da fome e da pobreza da vila rural onde nasceu, na província de Henan, no centro-leste da China. Hoje ele é um dos mais célebres autores contemporâneos do país e tenta escapar de algo bem mais insidioso: a barreira da autocensura, levantada em razão dos limites impostos pelo Partido Comunista à produção intelectual.
“Os escritores chineses têm sido controlados há 60 anos e praticam a autocensura de maneira inconsciente”, disse Yan em entrevista ao Estadão em sua casa, no sudoeste de Pequim. “A autolimitação que impomos a nós mesmos é mais terrível que a própria censura.” Com três de seus sete romances banidos na China, o escritor aceitou uma série de exigências dos censores na tentativa de publicar O Sonho da Vila Ding, que