Avaliação e políticas públicas educacionais

Este livro é mais um registro do momento aparentemente decisivo da política educacional brasileira, em especial no que diz respeito à avaliação. A constante pressão a que a escola tem estado submetida é oriunda de uma disputa de agenda entre empresários que habitam um país emergente e que é demandado a aumentar a sua produção de bens e serviços com vistas a valorizar uma massa impressionante de dólares que está entrando no processo produtivo, e a resistência dos profissionais da educação, os quais, com agenda diversa, são, por dever de ofício, obrigados a olhar para a formação da juventude com outros horizontes. (....) A percepção que temos neste momento é que está em curso a introdução, no Brasil, de um conjunto de ideias que conduzirá à destruição do sistema público de educação, bem como à transformação do professor e demais profissionais da escola em responsáveis exclusivos pela qualidade da escola, com a finalidade de encontrar “explicações” escolares para causas sociais e econômicas bem conhecidas e que são os reais motivos para o fracasso e a evasão das crianças nas escolas. Este livro reúne a crítica, mas também apresenta possíveis soluções diferenciadas à adoção de políticas de responsabilização e meritocracia. Mostra que é possível confiar nas escolas e produzir uma qualidade em seu interiorvoltada para a solidariedade, para a colaboração e a troca de experiências, ao invés de aprofundar a concorrência e o individualismo. Aqui, não há um libelo contra a avaliação. Apenas uma proposta de se realizar uma avaliação diferente, compromissada com outras concepções de educação e de escola. Se as expectativas de mercantilização da educação via responsabilização e meritocracia não se concretizarem é porque reagimos à altura àquelas concepções. E se este livro puder ser uma pequena ajuda nesta luta que se avizinha, certamente os seus autores ficarão satisfeitos.