Babbitt

Babbitt Sinclair Lewis


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Babbitt (Os Imortais da Literatura Universal #44)





Uma sátira sobre a América dos anos 20, durante a Lei Seca que o conservadorismo apoiava mas não praticava. Um homem de negócios e de família, numa cidade comercial, Zenith, vive infeliz em que a única coisa que interessa são as aparências. Tenta mudar, dizer o que pensa, mas apercebe-se que as idéias liberais só lhe trazem dissabores e por isso retorna à vida conservadora e fútil de outrora. Sinclair Lewis, Nobel da Literatura em 1930, descreve com ironia a prosperidade daqueles que vivem num mundo de mentira e de aparências, que lutam contra as ideias liberais, socialistas e de justiça social. |...| George Babbitt é uma emblemática figura, pois é a evidência de um modo de vida que dominou a opinião pública norte-americana dos anos 20 cujos ecos reverberam ainda hoje como verdadeiros pilares do capitalismo: os empresários e business men. A ação deles sobre a realidade é vista pela sociedade norte-americana como algo heróico, louvável, que deve ser divulgado e comemorado a todo o momento para espantar o “fantasma comunista” que passara a figurar na pauta de preocupações desse grupo desde 1917.

A passagem do século XIX para o XX desenvolveu o ambiente urbano norte-americano, gerando as cidades grandes e transformando as relações capitalistas, levando-as a outro nível. Esse processo acelerou-se com a posição privilegiada que os Estados Unidos passaram a ocupar depois da Primeira Guerra Mundial, tornando-se credores do mundo. A euforia dos negócios e da prosperidade econômica contaminou a sociedade americana criando sociedades civis de estímulo ao crescimento econômico, ao comércio, a indústria etc. Babbitt se insere justamente nesse contexto.

O american way of life, “fenômeno” que começava a se desenvolver nesse período (e que se consolidaria mais efetivamente pós-crise de 29 e pós-Segunda Guerra Mundial), apresentava contradições e elevava ao patamar de gurus e guias esses empresários que investiam e representavam a ganância e o empreendedorismo capitalistas. Dessa elevação criavam-se modelos de conduta, comportamentos e pressupostos ideológicos no mínimo questionáveis.

Um exemplo disso, que Lewis consegue captar com uma sensibilidade de admirável sutileza é o pensamento desse grupo acerca da formação intelectual e acadêmica dos jovens. O filho de Babbitt, Ted, vê como perda de tempo o estudo de arte, literatura e outros estudos de cultura porque não tem aplicação prática na carreira empreendedora que assoma em seu futuro, ao passo que é apoiado pelo pai, que, por sua vez, encontra eco desse posicionamento nos grupos nos quais participa. Os grupos de empresários dos quais Babbitt participa (verdadeiras confrarias para vangloriarem-se), como os Boosters, por exemplo, apresentam contradições que Sinclair Lewis explora, às vezes muito timidamente. Uma delas é o fato de terem-se como arautos do progresso e do desenvolvimento ao mesmo tempo em que sustentam uma mentalidade arcaica, que instrumentaliza a realidade em seus mais diversos aspectos para servir seus projetos individuais como se eles representassem os anseios da sociedade de forma geral.

A mentalidade arcaica chocando-se com os pressupostos capitalistas encontra no romance um lugar privilegiado, porque consegue descortinar ao leitor a forma como a sociedade se organizava, sob quais preceitos e como esse jogo de especulação era praticado. Vale lembrar que essa especulação culminará na famosa crise de superprodução cujo marco é o crack da Bolsa de Nova York: a Crise de 29.

Romance

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on 31/12/16


Meu livro de estreia como leitor deste romancista. Estreia inesquecível. O retrato que o autor faz do personagem que dá título a obra é uma pintura rica de sensibilidade e imaginação. Não fosse o talento do escritor, Babbitt jamais seria protagonista de um livro, tal sua "normalidade". A genialidade do artista é fazer essa "normalidade" nos interessar profundamente, página após página, frase após frase,... leia mais

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Desejam8
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Morfindel
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15/09/2010 09:48:28
sakslja
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24/09/2020 23:44:03

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