Aqui tem um lirismo de sarjeta que permeia tudo, mas sem autocomplacência: maduro (quase podre, na verdade) tipo "foda-se, cavo meu próprio abismo de frente pro mar". Tem diálogos geniais, desse naipe:
"Eu tava te chupando e você dormiu. Dormiu com a merda do seu pau duro dentro da minha boca".
"Ah, pode crer".
"Seu viado"!
"É que tava tão gostoso que eu dormi".
E tem também muitas frases certeiras, definições definitivas do gênero que a gente escolhe pra epitáfio dos inimigos:
"Não dá pra ser sincero em um talk show".
Eu falo pro Marião que esta é sua biografia desautorizada, mas ele desconversa. Então fica assim: "Bagana na Chuva" é um "Tanto Faz" amortadelado. Ideal para acompanhar uma cerveja preta. Um ovo verde. E um olho roxo.
- Ronaldo Bressane
Literatura Brasileira