Loucura. Insanidade. Distúrbios mentais e emocionais. O território obscuro da mente pode lhe parecer estranho e até aterrorizante. Sempre nos referimos a ele de uma forma distante, mantendo a devida separação entre "nós" (saudáveis) e "eles" (doentes).
Lauren Slater é uma terapeuta que rompe essas barreiras. Em seu livro de estréia, Bem-vindo a meu país, ela narra sua experiência profissional com pacientes considerados sem salvação. Até porque ela já cruzou algumas vezes os limites entre a sanidade e a loucura. "Entre os 14 e 24 anos, fui internada cinco vezes devido a uma variedade de problemas psiquiátricos e atos de autodestruição, considerados pelos médicos na fronteira da desordem da personalidade", afirmou Lauren num texto publicado pela revista Vogue americana.
Bem-vindo a meu país não é um livro apenas sobre as pessoas tratadas por Lauren, hoje diretora de uma clínica de saúde mental e abuso de drogas. É também um livro sobre ela mesma, cujo tratamento não foi realizado num confortável divã, mas em salas de emergência de hospitais, usando braceletes de identificação e, eventualmente, camisas-de-força. Tudo isso colaborou para tornar o texto mais envolvente, cativante e revelador. Slater interage com seus pacientes e empenha-se em compreender sua angústia mental e emocional.
"Acredito que a terapia pode transformar quando é um aprendizado lento sobre a ligação e a separação entre as pessoas, um estudo visceral das lacunas dolorosas e das ligações melancólicas. Acredito que exista um lugar, em algum ponto do espaço, em que meu self e o seu self podem se encontrar, fundindo-se no que poderíamos aprender a chamar, pelo menos por um momento, de amor", escreve a autora.