Neste livro o leitor encontrará uma contribuição decisiva para entender como, em Bergson, a intuição pode ser o verdadeiro método filosófico. Não é raro encontrarmos interpretações do filósofo que acentuam um pretenso irracionalismo, decorrente da recusa dos procedimentos tradicionais de conhecimento, baseados na hegemonia do conceito e da formalização da realidade. Na verdade, o objetivo de Bergson não é inibir o conhecimento, mas ampliá-lo para além dos quadros estes sim, restritos que a tradição impôs. o que o livro de Astrid Sayegh nos mostra, a partir de uma compreensão abrangente e profunda da filosofia de Bergson, é que a totalidade dinâmica na qual de direito estamos inseridos e da qual estamos de fato afastados, só poderá ser recuperada se entendermos que precisão e rigor situam-se na experiência direta da temporalidade real, e que o caráter intuitivo desse tipo de conhecimento é algo a que só podemos chegar por meio de um esforço metódico, que envolve a travessia de procedimentos que devem ser superados. O leitor encontrará, na exposição clara e competente da autora, os meios de compreender a relevância dessa transformação que exerceu grande influência no desenvolvimento da filosofia contemporânea.
Franklin Leopoldo e Silva (Professor de Filosofia Moderna e Contemporânea na Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo)