Caçador de ventos e melancolias

Caçador de ventos e melancolias Carlos Ribeiro


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Caçador de ventos e melancolias


Um estudo da lírica nas crônicas de Rubem Braga




As Crônicas de Rubem Braga estavam mesmo a merecer um comentário crítico profundo, um trabalho que buscasse situar a obra desse cronista na Literatura Brasileira e no contexto geral da escrita jornalística. Caçador de ventos e melancolias: um estudo da lírica nas crônicas de Rubem Braga vem finalmente acrescentar traços novos ao perfil do escritor, apresentados a partir de um estilo ensaístico desenvolto, cujo dinamismo garante o interesse de um público bastante amplo. De fato, embora alicerçado em muitos conceitos da Teoria Literária, o texto de Carlos Ribeiro é elaborado com leveza e não se destina apenas aos especialistas das Letras.



Os dois primeiros capítulos do ensaio estão sedimentados em rigorosa pesquisa sobre os antecedentes da crônica moderna, acompanhando a evolução que teve essa forma de escrita, no contexto nacional. Assim, Carlos Ribeiro não se furta à tarefa de compreender, no seio de um processo histórico, a forma literária que estuda, constatando que, apesar de transformados, elementos provenientes de outras formas continuam presentes na crônica. A visão desses contágios auxilia a consciência contemporânea do analista a deslocar-se do seu próprio tempo, dando mais elasticidade ao comentário crítico.



Bem alicerçado pelos momentos anteriores, Carlos Ribeiro compõe, no seu terceiro capítulo, um retrato de Rubem Braga. E creio que a imagem traçada pelo ensaísta irá, ao mesmo tempo, confirmar e, positivamente, surpreender aqueles que costumam freqüentar as páginas de Rubem. A confirmação é certa, porque os traços recortados são mesmo os que mais se salientam na obra do escritor. No entanto, surpreendem o poder de síntese e a capacidade com que esses aspectos chegam a atingir um nível conceitual. Refiro-me particularmente ao tratamento que Carlos Ribeiro confere a três aspectos básicos: a condição de exílio oferecida pela cidade moderna, o rastro Romântico e a presença marcante da subjetividade, emprestando, ao discurso de Braga, forte tonalidade lírica.



É ainda digna de menção a precisão da análise estilística feita no percurso do ensaio e particularmente no capítulo V. Trata-se de um “corpo a corpo” que o ensaísta não desiste de travar com o objeto que estuda, efetivando uma prática que, infelizmente, é cada vez mais rara nos Estudos Literários. Como o realiza Carlos Ribeiro, o “close reading” não se esgota em si mesmo, levando a uma visão ampla do escritor, visão que termina por expandir-se no estabelecimento de relações comparativas entre a escrita de Braga e outras que lhe são contemporâneas. Sem dúvida, o leitor tem em mãos um livro atualizado e, todavia, independente.



Mirella Márcia Longo

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Vanessa
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13/05/2010 11:35:57

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