Filho de industrial, o sergipano José Cordeiro, conhecido como Cearense, não quer ser patrão: é operário e orgulha-se de sua atividade. Mas acaba despedido da fábrica por ter se relacionado com uma colega de trabalho, cobiçada também pelo patrão, seu próprio tio. Cearense decide procurar serviço em outro lugar.
Duas opções se apresentam: São Paulo, ou a zona cacaueira, no sul da Bahia. Cearense escolhe a segunda, a região de Itabuna e Ilhéus, como tantos outros homens e mulheres que vai conhecendo na viagem de barco rumo à região. Ali, na zona do Pirangi, na Fazenda Fraternidade, desenrola-se sua história, tendo como pano de fundo as condições de trabalho nas plantações de cacau, onde os trabalhadores são obrigados a aceitar uma situação de semi-escravidão.
Branco, cabelos louros, alfabetizado, Cearense destoa dos demais trabalhadores e chama a atenção de Mária, filha do coronel dono da Fraternidade. A relação com a moça vai colocá-lo mais uma vez diante da possibilidade de se tornar proprietário. No entanto, Cearense se mantém firme do lado dos trabalhadores - fala mais alto sua consciência.
Marcado pelo engajamento do autor em sua juventude, o romance conquista pela combinação de crítica social, narrativa de cunho biográfico e retrato de época e lugar.
“Li Cacau pela primeira vez no começo da adolescência: foi por seu intermédio que descobri então poder a literatura ser, mais que veículo de entretenimento, uma via privilegiada de descoberta do mundo; no caso, especificamente, da realidade brasileira.” - José Paulo Paes
Ficção / Literatura Brasileira / Romance