Cacos para um vitral

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"A vida é servidão, descubro olhando meus sapatos. Tenho pertences: o relógio, a bota, o argumento terrível. Deus não tem nada. Já fui lépida e límpida, tinha o dente ridente, ia arranjar um marido. Eu não me engano mais. Mesmo o canto de liberdade está preso a seu ritmo. O Senhor é meu Pastor e tudo me falta, tenho onde cair morto, certamente terei quem com um olho me chore e outro me ria. Bom é ser como a pedra que é vazia de si."

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Livro 19 em 2018 - Cacos Para Um Vitral - Adélia Prado

Whermeson

on 23/5/20

“O coração de Glória estremeceu de compaixão. Logo Luíso Estadeu, pretinho retinto, é quem lhe responde resoluto: coelho é sinal de páscoa porque é branco. Sentiu-se impotente diante da carga de preconceito que aqueles pobres meninos já carregavam e desdobrou-se, antecipando monstruoso cansaço: olha, Estadeu, mesmo o coelho bem pretinho é sinal de Jesus ressuscitado - lembrando-se de que ela mesma nunca vira coelho preto ou cinzento tomado como tal. Explicou, explicou, o menininho asse... leia mais