“em busca dos ossos do jaguar assassinado
tornei-me um canto sem sementes ou compassos
deixo partir para os sertões os meus cavalos
com suas múmias esmigalhadas em frangalhos
ao pé da cruz invoco as almas em pó desfeitas
e o rio que tão longe ainda corre
o desejo é o pássaro sem agouro
que mastiga e fere a pedra deseducada
não há mais hinos ou portais nestas cidades
encruzilhadas em seus próprios desesperos
somos deuses nas esquinas destas fábulas
ou o abismo entre o nada e o desterro”