Como pode um Caramujo, que se arrasta pela terra e se isola, a qualquer tentativa de aproximação, vir a ser um Gafanhoto, que pula, voa, se arrisca e se aventura?
A solução, necessariamente, deve passar pela superação dos limites impostos pela clausura física e emocional e pela decisão de partir para o desafio, e enfrentar os riscos da Liberdade.
Na falta das condições plenas para a total transformação, antes de pensar em se acomodar, talvez tentar, pelo menos, ser um Caranhoto. Mas que seja - O - Caranhoto!
Dizem que todos os conflitos humanos se resumem a nascer, viver e morrer. Porém, na verdade, nascer e morrer são contingências. Viver é o grande desafio humano, pessoal e intransferível. Cada um terá de viver com as características individuais e com as próprias condições físicas e emocionais, independente de seus limites.
A superação de nossas deficiências, físicas ou mentais, é um processo permanente de aprendizado, resultando na criação de soluções práticas ou de recursos psicológicos para a adaptação a situações novas que surgem a cada momento.
Esse desafio implica em mobilizar sentimentos e emoções profundas, suportar a dor e o preconceito e, ainda assim, buscar forças para encontrar um sentido para a vida.
Adelmir Freitas Sciessere, ao escrever Caranhoto, se expõe, se desnuda, partilhando seu difícil "caminhar" - em todos os sentidos - com grande sensibilidade.
Caranhoto narra a saga de um ser humano que passou a infância, a adolescência e entrou na idade adulta lutando, a cada dia, contra todos os limites impostos pela poliomielite.
Um caramujo que se arrastava, vítima da paralisia, e que, sonhando ser gafanhoto, encontrou forças e determinação para não se submeter aos limites físicos, mas usar a inteligência e a imaginação para realizar o seu voo pleno.
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