Ela possuía o impressionante poder de fascinar. Dizem que não tinha voz, que era até desafinada, mas mesmo assim, era gostoso ouvi-la cantar. Certa vez, alguém que escutava uma gravação sua, comentou: "Que Interessante! A gente parece que não está ouvindo, está vendo. Parece que a cantora está dentro da vitrola!" Na verdade, ela estava mesmo. Suas pulsações explosivas penetravam pelos meios e sacudiam os fins. E isso desde o tempo que entregava marmitas pros comensais da pensão da sua mãe.
Naquela época, Carmen aproveitava as visitas para falar pelos cotovelos, imitar artistas conhecidos e cantar.
Carmen jamais deixou de fazer alguma dessas três coisas. Só que fez muito mais: aprendeu a falar pelos olhos, cantar pelos cotovelos e imitar a si mesma, consumindo toda aquela energia que lhe parecia inesgotável.
Viveu como uma lâmpada de 100 watts e um dia apagou pra descansar da vida.
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