Carnaval Ijexá

Carnaval Ijexá Antonio Risério


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Carnaval Ijexá





Em 'Carnaval Ijexá', de Antonio Risério, vemos, por dentro, o desenvolvimento de um fenômeno de grande interesse humano e social - a emergência da consciência 'afro' em meio aos jovens baianos descendentes de africanos e há tempos separados da Mãe África - um processo que jamais aconteceria no interior do candomblé, onde a africanidade semanifesta normalmente no culto aos orixás, voduns e inkicis. Examinando esta 'reafricanização' da juventude da Bahia, Risério vai mostrar as influências que sobre ela exerceram os movimentos 'black' dos Estados Unidos. De uma parte, descrevendo a ação catalisadora da chamada música 'soul', que conquistou a juventude negra brasileira depois de ter incendiado a dos EUA, e o modo específico da reação baiana ao fenômeno, na passagem do 'black-soul' ao 'afroijexá'. De outra parte, observando a repercussão que aqui tiveram o movimento 'black power' estadunidense e a libertação das antigas colônias portuguesas na África. Além disso, Risério analisa a própria dinâmica interna da vida baiana e nota, ainda, que a ação de certos clubes carnavalescos de elite, não aceitando negros em seu meio, precipitou a reação africanizante. 'Carnaval Ijexá' é um livro vivo e espontâneo, especialmente quando reproduz diálogos e conversas de pessoas que criaram as novas entidades 'afrocarnavalescas' da Bahia. É o caso, por exemplo, das falas de Moa do Catendê, onde vemos a importância assumida pelos cantores na expressão de valores afro, entre a comunidade negromestiça de Salvador. Risério fala também dos afoxés e maracatus, derivações da antiga instituição (pela igreja católica) dos 'Reis Congo' e de seus vistosos desfiles. E mostra como o atual processo de 'reafricanização' do carnaval se fez às custas dos chamados 'blocos de índio', marcados por sua violência e rebeldia social - uma violência que vai se atenuando na medida em que se aprofunda a consciência da africanidade -, que hoje, para sobreviverem, aproximam-se do sincretismo afro-ameríndio. Saindo do terreno propriamente carnavalesco podemos, enfim, acompanhar as análises sobre as relações entre o Movimento Negro e os novos afoxés e blocos afrobrasileiros, sobre o complexo problema da politização das organizações carnavalescas e sobre a africanização do vestuário e da gestualidade, entre búzios e cabelos trançados, onde a juventude negra assume 'física e espiritualmente' a sua negritude. Encerrando 'Carnaval Ijexá', vamos encontrar uma 'miniantologia' da nova poesia afro-baiana, baseada em reminiscências e jogando com a sonoridade das palavras africanas extraídas do vocabulário dos candomblés, para compor um conjunto eufônico e bem ritmado, em textos da autoria de Paulinho Camafeu, Moa do Catendé, Caetano Veloso, Antonio Risério, Heron, Curimã, Moraes Moreira, Gilberto Gil, Ivo do Ilê, Milton de Jesus, Charles Negrita, Chico Evangelista, Jorge Alfredo, Ana Cruz, Cebolinha, Alírio do Olodum, Lazinho Boquinha, Jailton, Egídio e Buziga.

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