Em Cem anos de solidão, Gabriel Garcia Marquez narra a incrível e triste história dos Buendía - a estirpe dos solitários para a qual não será dada uma segunda oportunidade sobre a terra. O livro também pode ser entendido como uma autêntica enciclopédia do imaginário.
"O Coronel Aureliano Buendía promoveu 32 revoluções armadas e perdeu todas." Na descrição que García Márquez faz do protagonista de CEM ANOS DE SOLIDÃO estão ao mesmo tempo o humor funesto com que trata da impotência do homem e o tom de extrema naturalidade que usa para narrar fatos inverossímeis.
Publicado em 1967, o romance conta a história dos Buendía, família condenada por uma força inexplicável a viver um século de solidão. Sucessivas gerações de homens e mulheres marcados por sinais trágicos fazem mover uma engrenagem de repetições de comportamentos obsessivos e desilusões. Tudo se passa na fictícia Macondo, cuja história é pontuada por eventos fantásticos, visitas de ciganos e a ação corrosiva e quase imperceptível de insetos.
É possível interpretar o romance como uma metáfora do isolamento e da desesperança da América Latina. O pano de fundo é o dos sangrentos enfrentamentos entre conservadores e liberais, que cindiram a Colômbia a partir de meados do século XIX.
Tamanha é a quantidade de novos personagens que fluem a partir da história central, que alguns preferem ler o livro desenhando uma árvore genealógica dos Buendía. Não se deve desprezar, porém, a sedutora alternativa de deixar-se confundir pelas caóticas ramificações da estirpe, que dão força à sensação de repetição e de catástrofe com que o romance está comprometido.
Fonte: Sylvia Colombo - Ediora-adjunta da Folha.
Gabriel García Márquez ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1982.
Ficção / Literatura Estrangeira / Romance